11.3.10

O NÃO TER TEMPO


Deus me pede do tempo estreita conta!
É preciso dar conta a Deus do tempo;
mas, quem gastou, sem conta, tanto tempo,
Como dará sem tempo tanta conta?

Para fazer a tempo a minha conta,
dado me foi, por conta, muito tempo:
mas não cuidei na conta e foi-se o tempo...
Eis-me agora sem tempo, eis-me sem conta!

Ó vós que tendes tempo sem ter conta,
não o gasteis sem conta em passatempo:
cuidai, enquanto é tempo, em terdes conta.

Pois, se quem isto conta do seu tempo
houvesse feito a tempo apreço e conta,
não chorava sem conta o não ter tempo.


O poema O TEMPO E A CONTA e de autoria de Laurindo Rabelo.
Laurindo José da Silva Rabelo (Rio de Janeiro, 8 de julho de 1826 — Rio de
Janeiro, 28 de setembro de 1864) foi um médico, professor e poeta romântico
brasileiro, patrono na Academia Brasileira de Letras.