7.3.10

Teatro cristão, encenar Jesus Cristo: é uma ferramenta útil de evangelismo ou uma abominação?

É muito comum hoje em dia, nas mais variadas reuniões de igreja, assistir encenações teatrais. Até que ponto se pode valer dessas coisas sem ferir os ensinos bíblicos? E os “ministérios” de teatros que encenam Cristo chamando os pecadores para a salvação?


Em geral os evangélicos detestam a ideia de ter uma imagem fotográfica ou de escultura que represente Cristo, mas convivem numa boa com atores fantasiados de Jesus. Não será pecaminoso representar Jesus numa peça de teatro?


Creio que existam razões para afirmar que o teatro cristão, onde encenam Jesus, não é bíblico.


Em primeiro lugar o uso de imagens do nosso Senhor é uma violação do segundo Mandamento: NÃO FARÁS PARA TI IMAGEM DE ESCULTURA... Ex 20.4-5. – Obviamente, este mandamento proíbe a adoração de ídolos, mas também proíbe o uso de imagens como auxiliares de culto e devoção. Os católicos romanos não dizem que adoram uma imagem de Cristo ou de Maria, mas que as imagens são AUXILIARES ou MEIOS os quais podem contemplar a espiritualidade divina. Será que podemos fazer legalmente uma imagem de um homem velho de barba branca e dizer que é uma representação de Deus Pai? E por que aceitamos as imagens de um Jesus com traços efeminados tão comuns no imaginário popular?



Muitos evangélicos são contra as imagens criadas pelos católicos romanos, ortodoxos e anglicanos, mas criam as suas em material educacional de escola bíblica e em capas de CDs e livros, além de encenações teatrais da crucificação com muito ketchup. Há diferença substancial em dizer que a mesma imagem uma hora é usada de modo educacional ou artístico, e outra é religiosa e condenada?
Alguns dizem que representar uma imagem de Cristo numa peça de teatro não é diferente de encenar um personagem histórico como Tiradentes ou Napoleão, e não tem nada de mais nisso. Será este um argumento válido biblicamente?


Para começar, Jesus não é Tiradentes ou Napoleão, ou qualquer outra pessoa, porque Ele é Deus e homem em uma pessoa. Portanto, qualquer imagem de nosso Senhor é automaticamente religiosa ou devocional por natureza. Exemplos práticos? Quantas pessoas deram testemunhos de grandes emoções místicas ao assistir um filme da paixão ou uma encenação teatral da paixão?


Uma imagem do Salvador não pode ser considerada como um item que pertence à esfera das coisas indiferentes. Se os evangélicos querem usar simulacros do Senhor, devem encontrar permissão divina na Palavra para a sua utilização. Na Bíblia não há representações pictóricas do Senhor. Se uma representação pictórica, escultural ou teatral traz aos espectadores pensamentos de amor, devoção, louvor ou emoção religiosa, então, claramente ajuda ou dá suporte para adorar, mesmo que as pessoas não se curvem em direção a imagem ou representação e neguem que estão em pecado.


Outro aspecto, a Bíblia não dá informação suficiente para fazer uma representação fiel da aparência física de Cristo. Isaías nos diz que não havia beleza nEle (veja Is 53.2). Em Apocalipse temos uma descrição do Senhor como um Cordeiro imolado (Ap 4.6). Os apóstolos passaram anos com Jesus – estes sabiam exatamente como era o rosto de Cristo, -- mas NUNCA fizeram uma retrato artístico do Senhor. Uma vez que nenhuma imagem fiel de Cristo pode ser produzida pelo homem, todas as imagens do Salvador são falsas representações do Filho de Deus.


Vamos supor que fui um órfão de Pai, e ao completar 18 anos alguém me dá uma foto de um homem qualquer num porta-retratos e diz para que eu a use em minha sala ou em meu escritório, pois ele representa o pai que nunca vi. Será que me sentiria confortável com aquela presença estranha? Tenho que relembrar que Jesus é totalmente original, não é aquele meu “pai” postiço. Nenhuma imagem pode representar Cristo. Sl 45.2. Cristo é o objeto supremo de nossa fé, Ele não pode ser falsificado. Qualquer imagem do Senhor que se baseia na imaginação do homem é idolatria, pois configura uma invenção humana, mesmo que não me curve a ela, mas a aceite naturalmente.


Um dos atributos de Cristo é que Ele é a VERDADE (João 14.6). Como ele poderá ser honrado com fantasias humanas? Por ser Deus, qualquer representação humana de Cristo é inadequada e abominável. Uma versão falsa do Messias não é menos falso que uma versão bíblica falsificada. Além do mais isso abre espaço para o coração perverso pintar Jesus de o Jesus loiro, cabelo escovado, olhos azuis, efeminado, negro, asiático, caucasiano, hippie, musculoso, galã, enfim. Isto é reverência? Isso é um lixo humanista e blasfemo.


O apóstolo Paulo diz: Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo. (2 Coríntios. 5:16). Vivemos na era pós ressurreição. O Messias não é mais o manso, suave, Servo Sofredor. Agora ele é o cavaleiro do cavalo branco, o rei vitorioso, que é glorificado, que tem todo o poder no céu e na terra (Mt. 28:19).


Tudo que se coloca como fantasia, invenção humana ou falsa imagem do nosso Senhor diante dos nossos olhos ou em nossas mentes, não fortalecerá a fé bíblica, mas a corromperá e degradará. Quer conhecer o Salvador, estude, medite e memorize as Escrituras, nela o Senhor é revelado em toda a sua glória.


Toda representação de Cristo, seja do pintor ou escultor ou cineasta, é um ato presunçoso, pagão e idólatra. Não se pode separar a humanidade da divindade de Cristo, e Deus não pode ser representado sem quebrar o segundo mandamento. Imagens de Cristo são mentiras da imaginação que pervertem e degradam a doutrina bíblica de nosso Senhor.


Quer recordar biblicamente de Cristo? Ele nos deixou a Ceia para lembrarmos de Sua morte até que Ele venha. Impressões artísticas do Filho de Deus podem agitar as emoções. Elas podem trazer uma lágrima ao olho ou alegria para o coração. Mas, uma vez que são invenções da mente do homem, elas não podem santificar ou aumentar a nossa fé. Na verdade, atuam como violações não ordenadas do ensino expresso da Bíblia, e são destrutivas a fé e a santificação. "Filhinhos, guardai-vos dos ídolos" (1 Jo. 5:21).


Como você pode ensinar (mesmo sendo o máximo sincero e com boas intenções) a verdade através da criação de uma mentira (ou seja, uma fantasia humana, um processamento fictício), diante dos olhos das crianças?


Há uma ilustração sobre sinceridade e boas intenções que é mais ou menos assim: “Alguns demônios vigiavam de perto um homem de boas intenções quando, de repente, ele se abaixou para pegar algo no chão. Aflitos, os demônios perguntavam entre si: O que ele encontrou o que ele encontrou? Um pedaço da verdade, respondeu um deles. Quase todos eles ficaram muito preocupados: O que faremos? O mais experiente deles, porém, procurava acalmá-los: Não faremos nada. Fiquem calmos, não há com o que se preocupar. Como não? Afinal, ele achou um pedaço da verdade. Não há com o que se preocupar, repetiu o demônio, vocês ainda não sabem o que um homem de boas intenções e apenas um pedaço da verdade pode fazer? Não! O de sempre, respondeu ele, uma nova heresia.”


Qual é a esposa que estando distante de seu marido colocaria uma foto de um estranho em seu quarto e afirmaria que era imagem do seu amado?


A igreja de hoje não está imune dos perigos da superstição e arrogante idolatria. Como Paulo advertiu, "um pouco de fermento leveda a massa toda" (1 Coríntios. 5:6).

O teatro que “representa” Cristo viola o segundo mandamento, ensina uma falsa doutrina do Messias, corrompe a adoração e é um grande desrespeito a 2ª Pessoa da Trindade. Portanto, tal prática deve ser odiada e evitada por todos cristãos bíblicos.






Raniere Maciel Menezes
Esse texto é BASEADO no estudo de Brian Schwertley, do artigo original: Are Pictures of Christ Unbiblical? 2003 © Brian Schwertley - Haslett, MI
Link: http://reformedonline.com/view/reformedonline/Are%20Pictures%20of%20Christ%20Unbiblical.htm#_ftnref1