27.10.10

Deserção doutrinária



Um dos problemas das igrejas de hoje é a deserção doutrinária. Aliás, muitos têm aversão à palavra doutrina. Tais pessoas insistem em afirmar que a vida, a prática, o relacionamento, etc, são mais importantes que a doutrina, algo supostamente sem vida e estéril. Todavia, isso é uma falácia, pois das minhas convicções doutrinárias procedem minha conduta e o meu relacionamento com Deus e com os meus semelhantes.


Por exemplo, a minha doutrina sobre Deus ditará se eu me dirigirei a ele como um office boy ao meu dispor (como fazem os neopentecostais), ou como o grande e altíssimo Deus, que nada deve aos homens.


Muitos gostam de aclamar, corretamente, a grandiosidade e importância do movimento da Reforma, esquecendo-se de que ele foi, em primeiro lugar, um retorno à doutrina, à sã doutrina. Ironicamente, as mesmas pessoas que depreciam a doutrina, abraçam crenças (sim, doutrinas) errôneas sobre diversas coisas. Não poderia ser diferente, pois doutrina é um conceito inescapável. Todos nós, sem exceção, abrigamos opiniões (conscientemente ou não) sobre tudo o que diz respeito à nossa realidade. Assim, querendo ou não, temos uma “doutrina” sobre Deus, Cristo, Bíblia, salvação, pecado, família, trabalho, Estado, etc, mesmo que não esteja claramente formulada ou transcrita num papel. Dessa forma, a opção, diante de nós, não é “doutrina ou algo mais?”, mas “qual doutrina?”. Infelizmente, as igrejas brasileiras têm abraçado uma doutrina humanista e, portanto, antibíblica, e não a doutrina ensinada por Cristo e os seus apóstolos.




Trecho do prefácio escrito por Felipe Sabino do livro Uma fé conquistadora: doutrinas fundamentais para a reforma cristã/William O. Einwechter; Editora Monergismo.